Enquanto o discurso oficial fala em acolhimento, inclusão e políticas públicas para quem mais precisa, os números revelam outra realidade em Caicó. O Fundo Municipal de Assistência Social, que deveria ser o braço da Prefeitura voltado ao cuidado com os mais vulneráveis, está funcionando, na prática, como mais um cabide de empregos dentro da gestão municipal.
Segundo dados do Portal da Transparência, no primeiro semestre de 2025, o fundo movimentou um total de R$ 2.259.806,37. Até aí, nada anormal. Mas o que chama a atenção e preocupa, é que desse valor, impressionantes R$ 1.817.196,33 foram gastos apenas com pagamento de salários e encargos trabalhistas. Isso representa mais de 80% de tudo o que foi gasto no período.
A distribuição da folha revela um inchaço generalizado:
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R$ 400 mil com salários da própria Secretaria de Assistência Social;
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R$ 100 mil com o Conselho Tutelar;
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R$ 246 mil com o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social);
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R$ 96 mil com o CREAS (Centro Especializado);
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R$ 105 mil com o SCFV (Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos);
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R$ 690 mil com contratos de pessoal terceirizado ou temporário;
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R$ 180 mil com obrigações patronais.
Com esses números, fica difícil sustentar qualquer discurso de eficiência social. Afinal, quanto foi realmente investido em ações concretas para famílias em situação de risco, pessoas em vulnerabilidade extrema ou programas de inclusão social?
A Secretaria de Assistência Social de Caicó parece ter se desviado de sua principal missão: atender quem mais precisa. Em vez disso, se tornou um setor engessado por uma folha de pagamento pesada, que consome quase todo o orçamento e deixa pouco ou quase nada, para ações efetivas.
Caicó precisa rever urgentemente o rumo da política de assistência. Porque assistência que só assiste aos próprios funcionários não é política pública, é desvio de finalidade. E omissão da Câmara, neste cenário, também é cumplicidade.
Despesas pessoais e encargos no Fundo de Assistência Social Fonte: Portal da transparência |
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