Em Pedro Avelino, um caso revoltante expõe a fragilidade no controle dos programas sociais e levanta sérias suspeitas de irregularidades dentro da própria gestão municipal.
Duas servidoras contratadas pela Prefeitura, com salário mensal de R$ 1.518,00, estão inscritas no Programa Bolsa Família, criado justamente para atender famílias em situação de vulnerabilidade social e baixa renda.
O mais grave: ambas estão lotadas na própria Secretaria Municipal de Assistência Social, pasta responsável por coordenar e fiscalizar os programas sociais no município, inclusive o Cadastro Único, porta de entrada para o Bolsa Família.
Receberam os cinco primeiros meses de 2025
Segundo apuração feita com base em documentos públicos, as duas funcionárias receberam normalmente os pagamentos do Bolsa Família nos cinco primeiros meses deste ano, mesmo estando empregadas com vínculo direto na Prefeitura e salário acima dos limites permitidos para o programa.
De acordo com as regras do Bolsa Família, só podem entrar no programa famílias com renda per capita de até R$ 218,00. Mesmo na Regra de Proteção, que permite a permanência temporária em casos de aumento de renda, o teto é de R$ 706,00 por pessoa. Com vencimentos de R$ 1.518,00, é improvável que essas servidoras se enquadrem em qualquer uma das faixas, a não ser por informações ocultadas ou manipuladas no Cadastro Único.
O blog teve acesso a documentos oficiais que comprovam os vínculos e os pagamentos, mas optou por preservar a identidade das servidoras, por ora.
Nas barbas da própria secretaria
A denúncia ganha contornos ainda mais escandalosos porque as duas beneficiárias trabalham exatamente dentro da estrutura que gerencia o programa. Ou seja, pessoas com acesso direto às informações e aos sistemas de política social estão se beneficiando de forma suspeita, enquanto tantas famílias carentes ficam à margem do programa.
E a pergunta que a população se faz é inevitável:
ONDE ESTÁ A COMISSÃO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DA CÂMARA MUNICIPAL?
POR QUE OS VEREADORES NÃO FISCALIZAM O QUE ACONTECE DENTRO DA PRÓPRIA SECRETARIA DE AÇÃO SOCIAL?
A omissão da Câmara é tão grave quanto o fato denunciado. Cabe aos parlamentares zelar pela transparência, pela equidade e pela justiça social. O silêncio, nesse caso, é conivente.
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